quarta-feira, 20 de junho de 2012

Plano de aula III



Objetivo: Equilíbrio, força, velocidade de reação e coordenação.
Duração: 50 min.
Material: Tatames ou colchões
Faixa Etária: 5º ano
Aproveitamento: karatê
Aquecimento: 
 Picada da cobra: Esta brincadeira assemelha-se ao pega-pega, porém quando alguém for tocado deverá continuar fugindo segurando o local tocado, seja no ombro, nas costas, nas pernas, na cabeça, etc. No segundo toque o fugitivo deverá continuar correndo com a outra mão no segundo local tocado e manter a mão no primeiro lugar tocado, no terceiro toque passará a ser o pegador. 5 min. 
AULA: O professor devera ensinar a posição de karatê Zenkutsu-dachi, (a perna de trás é estendida, a da frente é inclinada para que o joelho fique diretamente acima do pé, e os quadris são abaixados, enquanto as costas ficam eretas). 5 min. 
Desequilibrar: em Zenkutsu-dachi: Em duplas, um de frente para o outro, na postura de zenkutsu-dachi do karatê, devem estar com as mãos, à mesma do lado da perna que esta para trás, dadas tentando desequilibrar o parceiro, fazendo uso apenas da mão dada. - 5 min.
Ataque e Defesa: o professor devera ensinar os ataques de soco nível alto e médio, em seguida devera ensinar as defesas para esses ataques.
Soco alto: em posição de Karatê Zenkutsu-dachi, o aluno deverá deixar à mão contrária a perna da frente, com os dedos fechados e a palma para cima, ao lado do corpo e a outra mão na altura do peito, com os cotovelos flexionados, aproximadamente a 90º, em seguida com a mão esta a baixo realizar um soco na altura da cabeça e levar a perna de trás para frente.
Soco médio: mesmo principio do anterior, mas o soco devera ser realizado em uma altura entre o peito e o abdômen.
Defesa alta: mesmo movimento do ataque, mas em vez de realizar um soco o aluno vai elevar o ante braço, deixando paralela e na altura da testa e girar o punho para fora.
Defesa media: em vez de elevar o braço na altura da testa, o aluno vai jogar o braço para o outro lado e depois voltar pra o mesmo lado, mas deixando o punho na frente e na mesma altura do peito. 20 min.
Em dupla, um de frente para o outro na posição de Zenkutsu-dachi, em uma distância razoável, a dupla deve entrar em acordo e um realizar o ataque e o outro a defesa, a sequência de ataque deve ser decidida por conta dos alunos, para estimular velocidade, reflexo e atenção. 10 min.

Obs.: Nas duas atividades anteriores procure trocar as duplas de alunos, para melhorar o relacionamento entre eles, e fazer com que percebam as diferentes estratégias utilizadas pelos colegas e realizar as atividades com os dois lados do corpo para desenvolver a lateralidade. 
Os cinco minutos finais devem ser deixados para conversar sobre a aula e desenvolver o senso critico



Volta calma
Viúva e Viúvo: O professor deverá dividir a turma e duplas, deixa los ajoelhados um de frente para o outro e assim formar colunas com as duplas, porém um aluno deverá ficar sozinho e será denominado viúva ou viúvo que deverá através de piscar o olho, chamar para si um dos alunos da fileira da frente que estiver ajoelhado. Neste momento o companheiro do aluno chamado deverá segurá-lo impedindo a fuga, se o colega conseguir fugir, deverá ajoelhar se à frente daquele que piscou (viúvo/viúva) e o que ficou sozinho passará a ser o viúvo ou viúva e assim sucessivamente. Esta atividade estimula atenção e reflexos.

Shihan Sadam Uriu



O Karate, arte marcial japonesa, é praticado por pessoas de todas as idades em todas as regiões do Brasil. Entre os seus admiradores e praticantes estão profissionais liberais, professores, estudantes, empresários, donas-de-casa e pessoas com as mais diversas ocupações. Podem ser encontradas nas academias e competições de Karate crianças, adolescentes, adultos e idosos, de ambos os sexos.
De todos é possível ouvir comentários e histórias sobre a influência positiva que o Karate teve e tem em suas vidas. Não faltam casos de crianças muito tímidas excessivamente agressivas que encontraram no Karate uma referência para a busca do equilíbrio. São freqüentes os exemplos de pessoas que começaram a praticar o Karate já na maturidade e nele encontraram uma fonte para a manutenção ou recuperação de algumas características de sua juventude.
Sem que muitos saibam, existe uma pessoa que teve e tem grande influência na vida de todos eles, o Shihan (Mestre) Sadamu Uriu. Vindo como imigrante do Japão em 1959, Mestre Uriu foi o introdutor do Karate no Brasil e sua história se confunde com a do próprio Karate brasileiro. Sadamu Uriu nasceu em 20 de setembro de 1929 no Japão, em Fukuoka-Ken, na ilha de Kyushu, na região sul do Japão, situada a aproximadamente 1500 quilômetros de Tóquio. A região, naquela época essencialmente agrícola, hoje tem suas atividades econômicas concentradas na mineração, siderurgia e construção naval. Desde o nascimento, mestre Uriu parecia destinado a ter sua vida associada às artes marciais. Seu pai, Seizaburo Uriu, além de agricultor era praticante de judô. Sua mãe, Tsuwako Uriu, teve cinco filhos, três homens e duas mulheres, todos ainda vivos, sendo Sadamu Uriu o quarto a nascer. Seus dois irmãos homens eram faixas-pretas de Kendo (luta com espadas) e participaram da Segunda guerra Mundial. Um deles era oficial do exército e o outro policial de um grupo de elite. Sadamu Uriu começou a estudar aos sete anos de idade e cursou o ensino fundamental e médio, equivalentes ao 1º e 2º graus brasileiros na própria ilha de Kyushu, nas escolas Dairi-Sho e Mojishogio. Esta formação escolar no Japão tinha a duração de dez anos e durante o 2º grau Mestre Uriu praticou Kendo. Nesta época o Japão sofreu os efeitos da Segunda Guerra Mundial e os jovens tinham que contribuir para o esforço de guerra. Em 1945, aos 16 anos, Sadamu Uriu foi para a Escola de Formação de Pilotos da Marinha. O final da guerra impediu que ele fosse enviado para a frente de combate.
Em 1951, aos 22 anos, Sadamu Uriu foi para a Universidade Takushoku, em Tóquio, onde já estudava um de seus irmãos. Lá, além de se formar em Economia, iniciou o seu treinamento em Karate. Naquela época, no Japão, era nas faculdades que se iniciava o aprendizado do Karate, ao contrário da prática atual, em que mesmo crianças iniciam o seu treinamento em academias especializadas. Seu professor foi o famoso Mestre Nakayama, que por sua vez fora discípulo do lendário Mestre Gichin Funakoshi, fundador do estilo Shotokan de Karate e seu divulgador em todo o mundo. Nessa época havia treinamento de Karate, mas não existiam graduações por faixa nem competições, que só surgiram após a criação, em 1954, da Nihon Karate Kyokai (atualmente Japan Karate Association – JKA). Mestre Uriu graduou-se em Karate (faixa-preta) pela JKA. Na Universidade Takushoku praticaram Karate com Mestre Nakayama três outros mestres importantes do Karate, que acabaram também vindo para locais diversos no Brasil: Higashino, no Distrito Federal, Tanaka, no Rio de Janeiro e Sagara, em São Paulo.
Formado em Economia, Sadamu Uriu deparou-se com a extrema dificuldade de conseguir emprego, decorrente da destruição de parte importante da economia japonesa durante a guerra. Ele chegou a pensar em imigrar para a Indonésia, seguindo seu amigo Habu, que hoje é professor universitário lá. Mas o mesmo Habu lhe falou sobre o Brasil e as possibilidades de trabalho aqui, acabando por convencê-lo a tentar a vida em nosso país. Assim, em 30 de dezembro de 1958, Mestre Uriu embarca, sem nenhum acompanhante, no Brasil Maru, um navio do governo japonês destinado para pessoas que desejassem emigrar para o Brasil. Nessa época, o governo japonês mantinha contatos com japoneses já estabelecidos no Brasil e que precisassem de mão-de-obra. A viagem dura 45 dias e Sadamu Uriu desembarca no porto de Santos - SP, dirigindo-se em seguida para Pindamonhangaba - SP, para trabalhar na atividade agrícola na fazenda de Yoshio Igarashi. Lá ele permanece três meses e conhece D. Aurora, uma das filhas do Sr. Yoshio, que viria, mais tarde, a ser sua esposa. De Pindamonhangaba - SP, Sadamu Uriu vai para a capital, São Paulo, para trabalhar na fábrica da Toyota, primeiro na linha de montagem e depois na área administrativa. O então presidente da Toyota, Sr. Kiyoyasu Koide, que o contrata também se formara na Universidade Takushoku. O mais curioso, e um sinal adicional de que a vida de Sadamu Uriu estava definitivamente associada às artes marciais, é que o presidente era faixa-preta de 5º Dan de Judô e acabaria sendo seu padrinho de casamento. Na Toyota, Sadamu Uriu permanece dois anos, 1960 e 1961, tendo como colega de trabalho, outro mestre importante do Karate, Yasutaka Tanaka, que deixara o Japão um mês depois de Uriu e, através da troca de cartas, viera se juntar a ele no trabalho na agricultura. A amizade que uniu esses dois mestres atravessou o mar e o tempo e permanece até os dias de hoje.
Já estabelecido em São Paulo, Sadamu Uriu começa a se reunir com alguns de seus ex-colegas da faculdade de Takushoku no Japão, também imigrantes, para treinar Karate. Entre eles estavam os mestres Tetsuma Higashino, Yasutaka Tanaka e Juichi Sagara. Naquela época não havia ainda a intenção de abrir academias para ensinar o Karate. Atualmente, Uriu e Tanaka vivem no Rio de Janeiro e Sagara em São Paulo, tendo Higashino falecido em 1987. Em 1961 Lirton Monassa (falecido em 2000) procurou Uriu e Tanaka em São Paulo para que se transferissem para Rio de Janeiro para ensinar o Karate, o que eles fazem em 1962, quando passam a lecionar na academia Kobukan, no bairro de Botafogo - RJ. È também em 1962, no dia 29 de setembro, que Sadamu Uriu, nesta época residindo em Duque de Caxias - RJ se casa com a Sra. Aurora Uriu. Deste casamento nascem dois filhos, Cezar e Cid, ambos praticantes de Karate desde a infância. Cid Uriu é atualmente engenheiro da Petrobrás, trabalhando na base de extração de petróleo da cidade de Macaé, situada no litoral norte do estado do Rio de Janeiro. Cezar Uriu também é engenheiro mecânico da Petrobrás, empresário e faixa-preta de 5º Dan, ocupando atualmente a presidência da Confederação Brasileira de Karate Shotokan - CBKS, fundada por Mestre Sadamu Uriu em 1994. Após o início em 1962 na academia Kobukan, Mestre Uriu passa, em 1963, a lecionar Karate três vezes por semana no Tijuca Atlético Clube, para um grupo de 30 alunos. Nessa época, apareceram para assistir a um treino os tenentes Pacheco e Valporto, que impressionados com a técnica do Karate convidaram Mestre Uriu para fazer uma demonstração no Batalhão de Infantaria-Paraquedista.
Mestre Uriu faz então uma apresentação de Karate no Batalhão de Infantaria e pede-se a ele que faça uma demonstração de luta, primeiro contra um soldado boxeador e depois contra um soldado capoeirista. Ele vence as duas e um novo desafio lhe é apresentado: colocado diante de pilhas de madeira e de tijolos, perguntam se seria capaz de quebrá-los. Ele assim faz, para espanto e admiração de todos, e a partir daí começa a ensinar Karate no Batalhão de Infantaria, onde ficou por 15 anos, até 1978. No meio militar, Mestre Uriu foi também instrutor da Escola de Comunicação do Exército (1964 a 1967) e da Escola Militar no Forte do Leme (1965 a 1967), todos no Rio de Janeiro.
Em 1964, alguns alunos e admiradores ajudam Mestre Uriu a montar a academia Shidokan, na Usina - RJ. Com a formação de vários atletas faixas-pretas pelo Mestre Uriu, na Shidokan, e pelo Mestre Tanaka, na Kobukan, começam a surgir diversas academias, expandindo-se, assim, o Karate no Rio de Janeiro. De 1973 a 1985, Mestre Sadamu Uriu foi também instrutor da Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro. Ao longo das décadas de 60, 70 e 80, alguns marcos na história do Karate brasileiro merecem registro, tais como: 1964 – com o Karate no Rio de Janeiro filiado à Federação Carioca de Pugilismo, realiza-se o 1º Campeonato Carioca de Karate. Após este campeonato, o Karate em diversos estados filia-se às respectivas federações de pugilismo; 1968 (a 1970) – Mestre Uriu introduziu o Karate no estado da Bahia, sendo, neste período, técnico da seleção baiana; 1969 – realizado pela Confederação Brasileira de Pugilismo o 1º Campeonato Brasileiro de Karate, no Rio de Janeiro, com o auxílio dos mestres Uriu e Tanaka. O Rio de Janeiro conquista o 1º lugar, ficando o 2º com São Paulo e o 3º com a Bahia; 1970 – participação no 1º Campeonato Mundial, realizado no Japão; 1972 – participação no 2º Campeonato Mundial, realizado na França; 1975 – o Mestre Uriu, trás pela primeira vez ao Brasil o Mestre Masatoshi Nakayama. Nesta ocasião o Mestre Nakayama ministra um curso de aperfeiçoamento técnico no Rio de Janeiro. 1978 – participação no 1º Campeonato Pan-americano, no Peru, neste mesmo ano o Mestre Uriu trás para o Brasil o Mestre Tetsuhiko Asai. A partir desde momento se inicia uma amizade que perdura até os dias de hoje; 1988 - 1º Campeonato Sul-americano de Karate, com o Brasil sagrando-se campeão; 1989 – o Brasil vence o Campeonato Pan-americano, realizado na Venezuela. 1990 o Brasil conquista o bi-campeonato no 2º Campeonato Sul-americano de Karate e o vice-campeonato no 7º Campeonato Pan-americano de Karate. Em 1991, o Brasil conquista o Campeonato Sul-americano, realizado no Paraguai, e o 5º lugar no Mundial do México. Em 1993, consegue o 3º lugar no Mundial da África do Sul. Durante muitos anos, Mestre Sadamu Uriu foi o técnico da seleção brasileira, contribuindo para firmar o nome do Brasil no Karate internacional. Foi, também, técnico da seleção carioca, aperfeiçoando o Karate no estado do Rio de Janeiro. Em 1991 ele foi o coordenador técnico do 1º Congresso Brasileiro de Professores de Karate.
Embora importante e necessária, a forte expansão do Karate no Brasil nas décadas de 70 e 80 gerou, no final dos anos 80 e início dos anos 90, conflitos de interesse e até mesmo um certo afastamento dos seus princípios e da sua essência. A conseqüência disto foi à perda de uma parte dos seus adeptos e, de certa forma, da própria força do Karate brasileiro. Preocupado com esta situação, em 1994, Mestre Sadamu Uriu funda a Confederação Brasileira de Karate Shotokan - CBKS, com o objetivo de trabalhar pelo desenvolvimento do Karate sem interesses econômicos, políticos e de poder. Todo o esforço foi concentrado na formação técnica dos praticantes e na divulgação do verdadeiro caminho do Karate. Coerente com esses objetivos, a CBKS foi organizada seguindo alguns princípios: Sistema democrático de gestão, com a diretoria tendo mandato de dois anos e sendo escolhida em eleição direta pelos filiados na Assembléia Geral Ordinária - AGO. Todas as demais decisões importantes são também tomadas pela AGO; A diretoria não recebe qualquer espécie de remuneração, fixa ou variável; Um Conselho de Ética zela pelas questões e princípios fundamentais do Karate; Não depende de nenhuma verba governamental ou empresarial para o exercício de suas atividades básicas. Todos os recursos são originados dos atletas e federações filiados; Todos os recursos e os eventuais superávits obtidos são reinvestidos no desenvolvimento do Karate brasileiro. O Shihan Sadamu Uriu, que possui o 8º Dan, ocupa a posição de Presidente de Honra da CBKS e, desde a sua fundação, tem visitado todas as regiões do Brasil ministrando cursos de aperfeiçoamento para atletas e professores, qualificando árbitros para competições e supervisionado tecnicamente os campeonatos estaduais. Para assegurar a qualidade técnica dos filiados à CBKS, apenas o Shihan Uriu ministra os exames para faixa-preta. A CBKS está também depurando e organizando um cadastro de instrutores faixas-pretas qualificados para o ensino do Karate, contribuindo para a plena aplicação da legislação do Conselho Federal de Educação Física sobre o assunto. Fiel ao objetivo de aperfeiçoar continuamente o Karate brasileiro, a CBKS, trouxe ao Brasil sete diferentes mestres japoneses, para ministrarem cursos de especialização e supervisionarem as competições de âmbito nacional. Foram eles os mestres Asai, Kato, Watanabe, Miura, Sato, Kaneko e Katsuno. No nível internacional, a CBKS é filiada à Japan Karate Shotofederation - JKS, lideradas então pelo Mestre Tetsuhiko Asai - 10º Dan (falecido em 2006) e atualmente pelo Mestre Massao Kagawa 8º Dan. A JKS possui registro no governo japonês como instituição cultural e esportiva, sendo pioneira no ensino do Karate para deficientes físicos.
A criação da CBKS foi o inicio de uma série de eventos importantes para o Karate no Brasil, entre eles: 1995 - 1º Campeonato Brasileiro de Karate Shotokan, em Goiânia, estado de Goiás; 1996 - 2º Campeonato Brasileiro de Karate Shotokan, em Vila Velha, estado do Espírito Santo e participação do Brasil no Campeonato Mundial na Rússia; 1997 - 3º Campeonato Brasileiro de Karate Shotokan, em Cabo Frio, estado do Rio de Janeiro e participação do Brasil no Campeonato Mundial na Suíça; 1998 - 4º Campeonato Brasileiro de Karate Shotokan, em Goiânia, estado de Goiás e participação do Brasil no Campeonato Sul - Americano no Peru. Neste ano, Mestre Uriu sofre um terrível acidente automobilístico no estado de Rondônia, onde fora ministrar curso de aperfeiçoamento técnico e exame de faixa, além de supervisionar o campeonato estadual. Tendo desembarcado no aeroporto de Vilhena - RO, ele estava sendo conduzido de carro para a cidade de Alta Floresta D’Oeste - RO. Na altura do município de Santa Luzia D’Oeste - RO o motorista cochila e o carro despenca em um abismo. Mestre Uriu fica entre a vida e a morte e, cessado o risco de vida, é transportado de avião para o Rio de Janeiro. Lá, sucedem-se muitos meses de internação no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia INTO, acompanhados de nove cirurgias. A tragédia, que teria encerrado a carreira esportiva de qualquer pessoa comum, foi encarada pelo Mestre Sadamu Uriu como mais um desafio a vencer. Foram meses de fisioterapia, de convivência com fortes dores, de deslocamento em cadeira de rodas e, posteriormente, de muletas. Mas o mestre do Karate decidiu dar mais uma lição a si mesmo e a todos os praticantes das artes marciais. Enfrentou todas as dificuldades já em 1999 voltava ao convívio dos alunos e professores, preparando o corpo e o espírito para voltar a praticar e ensinar o Karate. Enquanto isso, seu filho mais velho, Cezar Uriu, 5º Dan, que já retornara após cinco anos vividos no Japão, assume a responsabilidade de conduzir os cursos, exames e campeonatos, até o restabelecimento pleno de Mestre Uriu; 1999 - 5º Campeonato Brasileiro de Karate Shotokan, em Cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro, coordenado pelo Sensei Cezar Uriu e já contando com a presença, mesmo que de muletas, do Shihan Sadamu Uriu, que completava 70 anos; 2000 - 6º Campeonato Brasileiro, em Cabo Frio, estado do Rio de Janeiro, e participação do Brasil no Campeonato Mundial na Hungria. Mestre Sadamu Uriu, já quase totalmente recuperado, chefia a delegação brasileira que vai à Hungria e, em novembro, vai ao Japão para acompanhar o campeonato nacional japonês, na ilha de Hokkaido, norte do Japão, e participar da reunião dos mestres da International Japan Karate Association - IJKA. Neste ano, Mestre Uriu é nomeado responsável pelas atividades da IJKA e da JKS na América do Sul.

Referencia: www.cbks.com.br

A história do Karate Shotokan - O criador, a Ilha e a propagação.


Gichin Funakoshi – O pai do Karate-Do moderno 


Ginchin Funakoshi nasceu em 1868, no distrito de Yamakawacho, em Churi, sede administrativa de Okinawa e faleceu em 1957, aos 89 anos em Tókio.
Filho de família tradicional, desde muito cedo se entregou aos estudos. Tornou-se poeta, estudou Confúcio e gozava de prestígio como perito calígrafo. Casado, foi professor de escola primária em Okinawa.
Começou a praticar Karate em Okinawa com o mestre Yasutsune Azato, um homem alto e dinâmico que tinha batido muitos homens na sua época e, insuperável na arte do Karate em toda a Okinawa, além disso, primava na arte de equitação, esgrima, e do manejo do arco. Treinou, também, com outros grandes mestres, tais como: mestre Ki, que, Kiyuna, que usando a mão sem proteção, podia retirar a casca de uma árvore viva numa questão de momentos; mestre Toonno de Naha, um dos eruditos confucianos mais conhecidos da ilha; mestre Niigaki, cujo extraordinário bom senso impressionou-o profundamente. Mestre Matsumura, um dos karatekas mais notáveis e Yasutsume Itosu, também, um dos mestres mais respeitados naquela época.
De físico pouco avantajado, Ginchin Funakoshi sofreu muito nos treinamentos. Treinou muito Kata Tekki (Naihanchi) que durante muito tempo foi a base da arte. Desenvolveu força golpeando o makiwara e treinando com chinelo de ferro.
Sempre foi costume que o aluno treinasse com um único mestre e nunca o deixasse, mas mestre Azato pensava que não deveria ser assim, razão pela qual enviava seu alunos para treinar com outros mestres. Com isso Funakoshi teve a oportunidade de treinar com os mestres já mencionados.
Ansioso de perfeição, sua imagem refletia o mais completo Budoka e seu ideal era conseguir todo bem resultante da prática do Okinawa-Te.
Funakoshi passava todo o seu tempo livre treinando na casa do seu mestre, e só ia à casa para trocar de roupa. Devido às suas saídas noturnas para treinar, muita gente pensava que visitava bordel. Mas, um dia, passou sobre a cidade uma forte ventania, e viram Funakoshi subindo num telhado e praticando a força de suas bases (posições). Chegaram a pensar simplesmente que estava louco. Nunca adivinhariam que este homem, professor pobre cuja mulher trabalhava numa granja para angariar dinheiro para a família, seria um artista marcial respeitado mundialmente.
Além de mestre de Karate-Do, era como já vimos, exímio poeta e quando escrevia os seus poemas usava o pseudônimo de Shoto, que quer significa ondas de pinheiro. Ele usava este nome porque a cidade nativa de Shuri, local do seu nascimento, era rodeada por colinas com florestas de pinheiro Ryu Ryu e vegetação subtropical. Entre elas estava o monte Toroa. A palavra Toroa significa “cauda de tigre” e era particularmente adequada porque a montanha era estreita e tão densamente arborizada que realmente tinha a aparência de uma cauda de tigre quando vista de longe. Quando dispunha de tempo, costumava caminhar pelo monte Toroa, às vezes à noite quando a lua era cheia ou quando o céu estava tão claro que se podia ficar sob uma cobertura de estrelas. Nestas ocasiões, podia-se ouvir o farfalhar dos pinheiros e sentir o profundo e impenetrável mistério que está na raiz de toda a vida.
Em 1922, escreveu o seu primeiro livro, ou seja, “KyuRyu Kempo: Karate, e nele fez a seguinte introdução: “Na profundidade das sombras da cultura humana oculta-se sementes de destruição, exatamente do mesmo modo a chuva e o trovão seguem na esteira do tempo bom. A história é o relato da ascensão e queda das nações. A mudança é a ordem do céu e da terra; a espada e a caneta são tão inseparáveis quanto as duas rodas de uma carruagem. Assim, o homem deve abraçar os dois campos se quer ser considerado um homem de realizações. Se ele for demasiadamente complacente, acreditando que o tempo bom durará para sempre, um dia será pego desprevenido por terríveis tempestades e enchentes. Assim, é importantíssimo que nos preparemos a cada dia para qualquer emergência inesperada.”
Em 1935, escreveu os seu segundo livro: “Karate-Do Kyuohan”. Neste ele deu ênfase nas técnicas de vários tipos de Kata.
Apesar de uma grande habilidade e boa reputação, a vida de Ginchin Funakoshi não era nada fácil. Naquela época ele tinha uma família para manter, e os professores não eram bem pagos. Na época ele foi designado diretor da Shobukai das Artes Marciais de Okinawa.
Em 1936, foi fundado o primeiro Dojo oficial de Karate, pelo Comitê Nacional e, devido aos feitos de mestre Funakoshi foi batizado com o nome de Shoto-Kan. Daí surgiu o nome de uma escola (estilo) que até hoje é cultivada em várias partes do mundo, a Shotokan, ou seja, Shoto, pseudônimo de Funakoshi, mais Kan, escola, formando Escola de Funakoshi.
O Karate que conhecemos hoje foi aperfeiçoado através de mais de sessenta anos pelo mestre Ginchin Funakoshi. Portanto, ele é considerado o pai do Karate moderno.
 
- Oficialização do Karate-Do na educação escolar de Okinawa 
No começo deste século, mais precisamente em 1902, durante a visita de Shintaro Ogawa, que era então inspetor escolar da prefeitura da cidade de Kagoshima, à escola de Funakoshi em Okinawa, foi feito uma demonstração de Karate. Funakoshi impressionou bastante devido ao seu status de educador. Ogawa ficou tão impressionado que escreveu um relatório ao Ministro da Educação elogiando as virtudes da arte. Foi então que o treinamento de Karate passou a ser oficialmente autorizado nas escolas. Até então o Karate só era praticado de portas fechadas, mas isso não significava que fosse um segredo.
As casas em Okinawa eram muito próximas uma das outras, e tudo que era feito numa casa era conhecido pelas outras adjacentes. Enquanto muitos autores pregam o Karate como sendo um segredo àquela época, ele não era tão secreto assim (do mesmo modo que os Estados Unidos nunca penetrou no Camboja durante a guerra do Vietinã).
Contra os pedidos de muitos dos mestres mais antigos de Karate, que eram a favor de manter tudo em segredo, Funakoshi trouxe o Karate, com a ajuda de Itosu, até o sistema de escolas públicas. Logo, crianças estavam aprendendo Kata como parte das aulas de educação física. A redescoberta da herança étnica em Okinawa era moda, então as aulas de Karate em Okinawa eram vistas como uma coisa legal.
 
- O Karate-Do Shotokan chega ao Japão 
O Imperador japonês Hihoshito, em visita à Okinawa, 1921, na qualidade de príncipe herdeiro, presenciou uma demonstração de Karate e ficou tão favoravelmente impressionado, que incluiu este evento em seu informe de governo.
No ano seguinte, o Ministério Japonês de Educação enviou uma carta ao governo de Okinawa solicitando que mandassem uma delegação esportiva de artes marciais ao Japão, onde ocorreria um festival de educação física patrocinada pelo mesmo. Ginchin Funakoshi foi escolhido para dirigir essa delegação. Alguns contestaram essa escolha, pois nesta época, Funakoshi já estava com 50 anos de idade e eles julgavam que seria mais sensato o envio de alguém com maior vigor físico. Na verdade, havia bons motivos para essa escolha: sua vasta cultura, seu reconhecimento sobre o Japão adquirido em viagens anteriores, sua sensibilidade poética, e principalmente seu grande domínio técnico do Karate.
         Em assim sendo, ficou para nós a lição de que, em uma idade em que a maioria das pessoas pensa em aposentar-se, para Funakoshi havia chegado a aventura mais importante de sua vida.
 
 
 
- A filosofia Budô 
O que significa Budô? Vejamos: BU - quer dizer “guerreiro”, “samurai”; DÔ – que dizer “caminho”, o caminho do samurai. O principal objetivo dos guerreiros era vencer as guerras. Rigoroso preparo físico, técnico e mental era necessário, enfatizando ao que transcendia a matéria, afastando-os assim os desejos mais comuns.
Várias artes marciais faziam parte do Budô, embora tivessem técnicas diferentes, como o Judô, Karate-Do, Sumô, Aikidô e outras. Como arte marcial o Karate se faz respeitar através das seguintes imposições, tais como: as mãos e os pés do adversário não podem tocar o seu corpo; as técnicas defensivas devem ser traumatizastes; se o inimigo cortar a sua carne, deve quebrar-lhe os ossos e se ele quebrar-lhe os ossos, você deve matá-lo.
Segundo registros existentes, conta-se que o samurai transcende a “vida” e a “morte”, pois ele executa qualquer tarefa determinada, custe o que custar, esquecendo-se de si mesmo. Daí o rigor nos exercícios, a fim de conseguir unificar corpo e mente. Aqueles temidos guerreiros tinham como princípios básicos manter a mente tranqüila para, em qualquer situação, não perder a autoconfiança e ser sobretudo, útil à coletividade, cumprindo desta maneira sua missão e influenciando para que os outros, também, o fizessem.
O Budô é também, o caminho das artes marciais cujas técnicas são usadas para desenvolver o espírito, a mente e o corpo. Na prática, o respeito e as boas maneiras são fundamentais. Há o cumprimento de respeito ao entrar e sair do Dojo (local de prática) e no início e ao término da prática. Este procedimento, junto com a ajuda do professor, inspira amizade e compreensão. Assim, instintivamente, hábitos sociais apropriados são desenvolvidos entre todos os praticantes e professores, através da liberdade controlada de energias do dia-a-dia. Evita-se assim, agressões perigosas desnecessárias ao próximo, desenvolvendo o espírito de cooperativismo.
A filosofia do Budô se traduz também pela busca constante do aperfeiçoamento, autocontrole e na contribuição pessoal para a harmonização do meio onde se está inserido.
A filosofia do Budô sempre deu muita importância à percepção a à sensibilidade, uma vez que as técnicas que nela se baseia, visam essencialmente à conquista da estabilidade e da autoconfiança, através de treino rigoroso e  vida disciplinada; ao desenvolvimento da intuição, no sentido de perceber o ataque do adversário antes mesmo do início do seu movimento e da capacidade de analisa o adversário, para prevenir-se contra supressas e à formação de hábito de saúde, como o uso da meditação Zen e a respiração com o diafragma.
A famosa expressão do mestre Funakoshi quando disse: “Karate Ni Sente Nashi”, explica claramente o objetivo do Karate, ou seja, conter, controlar o espírito de agressão. O Karate se caracteriza por procedimentos de respeito e de etiqueta.
 
 
- A propagação do Karate-Do Shotokan no Mundo 
A primeira idade de ouro do Karate, como tem sido chamada, ocorreu por volta de 1940, quando quase todas as importantes universidades do Japão tinham em seus clubes de Karate. Nos primeiros anos do pós-guerra, ele sofreu um declínio, mas hoje, graças ao entusiasmo dos que defendem o Karate-Do, ele é praticado mais amplamente do que nunca, difundindo-se para muitos outros países no mundo inteiro, criando uma Segunda idade de ouro.
Após a 2ª Grande Guerra, eram freqüentes as solicitações as solicitações das Forças Aliadas estacionadas no Japão para assistir a exibições das artes marciais. Peritos em Judô, Kempô e Karate-Do formaram grupos que visitavam as bases militares duas ou três vezes por semana com a finalidade de demonstrar suas respectivas artes. Conta-se que era grande o interesse dos membros das forças armadas pelo Karate, uma arte que estavam vendo pela primeira vez em suas vidas.
Em 1952, o Comando Aéreo Estratégico da Força Aérea dos Estados Unidos enviou um grupo de jovens e de oficiais ao Japão para estudar o Judô, o Aikidô e o Karate-Do. O objetivo era treinar instrutores de educação física e, durante os meses em que estiveram no Japão, eles seguiram um programa rígido, estudando e praticando intensivamente. O Mestre Nakaima, um dos discípulos de Ginchin Funakoshi, era o líder dos homens que ensinavam o Karate-Do Shotokan, considerava isso um grande passo adiante para esta arte. Por mais de uma dezena de anos depois, dois ou três grupos continuaram indo ao Japão todos os anos.
Esse programa de treinamento foi altamente considerado e começaram a vir grupos de outros países, além dos Estados Unidos. Vários outros países também solicitaram que fossem enviados instrutores de Karate-Do Shotokan para que se pudesse treinar em maior número de instrutores. Essa, sem dúvida, foi uma influência que ajudou a torna popular o Karate-Do Shotokan em todo o mundo.
O Karate-Do é, como sempre foi, uma arte de defesa pessoal e uma forma saudável de exercícios físicos; mas, com o aumento de sua popularidade, cresceu muito o interesse pela realização de disputas, como aconteceu com o Kempô e o Judô. Na sua maioria, devido aos esforços dos entusiastas mais jovens, onde, o primeiro campeonato de Karate-Do de todo o Japão foi realizado em outubro de 1957. Ele foi promovido pela Associação Japonesa de Karate e, no mês seguinte, a Federação dos Estudantes de Karate de todo o Japão promoveu um campeonato diante de uma audiência de milhões de pessoas. Além de serem estes eventos memoráveis, esses dois campeonatos despertaram um interesse maior ainda pela arte marcial em todo o país.
Hoje eles são realizados anualmente numa escala cada vez maior. E num grande número de países, competições semelhantes estão sendo realizadas. No topo de todos eles está o Campeonato Mundial de Karate-Do. As competições e a disseminação do Karate no exterior são os progressos mais significativos dos anos posteriores à 2ª Grande Guerra. 
 
 
Referencia: www.fksrj.com.br  Federação de Karate Shotokan Rio de Janeiro