quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Gomes et al 2010



                Ensino das lutas: dos princípios condicionais aos grupos situacionais
                                                                                       Mariana Simões Pimentel Gomes
                                                                                                           Marcia Pereira Morato
                                                                                                                         Edison Duarte
                                                                                              José Júlio Gavião de Almeida

A luta nas suas diferentes civilizações seja ela oriental ou ocidental já teve vários significados como rito, prática religiosa, jogo, preparação para guerra, exercício físico, dentre outros. (Gomes cita os seguintes autores: Brousse, Villamón, Molina, 1999; Espartero, 1999; Villamón, Brousse, 2002; Villamón, Molina, 1999).
Devido a uma gama infinita de movimentos, técnicas e características, classificamos as lutas de acordo com os objetivos do combate, ações motoras, distâncias entre os oponentes, metas no enfrentamento. Para Espartero (1999) classificar as lutas promove uma organização de elementos e categorias o que ajuda na escolha da modalidade mais adequada para se aplicar.
As lutas e suas classificações
Espartero (1999) nos mostra que as lutas podem ser divididas em três categorias:
1.    Esportes de lutas com agarre: O agarre seria uma ação básica como derrubada (derribo), as projeções (Proyecciones) e o controle no solo. Pode ser subdividida pela imposição do agarre ou da não imposição do agarre como também pela finalidade “lutatória”: finalizar a luta com a projeção do oponente ao solo ou continua-la depois da projeção.

2.    Esportes de Lutas com golpes: Está é subdividida de acordo com o tipo de golpe: apenas punhos; apenas pernas; ou pernas e mãos conjuntamente.

3.    Esportes de lutas com implementos: onde o objetivo e tocar o oponente com o implemente por exemplo a espada.

Se pensarmos num contexto de treino para competições a proposta apresenta uma riqueza de detalhes que tende a influenciar no desenvolvimento das modalidades, já para o contexto escolar em que os objetivos são proporcionar vivencia e o conhecimento do fenômeno e suas manifestações ao aluno considerar tantos detalhes para a classificação das lutas tende a dificultar o processo uma vez que as diferenças enfatizam as especifidades do conteúdo (GOMES, 2008).
Henares (2000) divide as ações motoras de um combate em derrubar, golpear e tocar. No primeiro grupo ele também subdivide o que seria o  agarre para Espartero (1999), adicionando ao desequilibrar/derrubar ações como fixar, excluir e controlar, também citadas pro Ramirez, Dopico e Iglesias (2000).
Nakamoto et. Al. (2004), baseados em autores dos JDC (Jogos Desportivos Coletivos) como ( BAYER, 1994; GARGANTA, 1995; GRAÇA, 1995; TAVARES, 1995), consideram a luta uma categoria de jogo regida pela lógica de oposição que possui como característica o ataque e a defesa e a possibilidades de ataques simultâneos.
Os princípios Condicionais
O modelo proposto por BAYER (1994) foi fundamental para buscar denominadores comuns também para o fenômeno luta, estes denominadores são aqui chamados de Princípios Condicionais da Luta:
o   Contato Proposital: este deve acontecer para que haja luta e para que ela se desenvolva. Este principio condicional exige que os oponentes se toquem seja por meio das mãos, pernas, corpo inteiro ou mediado por implemento.
o   Fusão Ataque/Defesa: assim como em outros esportes na Luta também é preciso ataque e defesa. O que difere as Lutas do outros esportes e que nela o ataque e defesa podem ocorre simultaneamente, pois o lutador pode defender com os braços e atacar com as pernas, já nos outros esportes e impossível q os dois ocorram simultaneamente pela mesma equipe.
o   Imprevisibilidade: Não existe estratégia sequencial completamente previsível na luta já que as ações do lutador podem ou não ser resposta à ação do adversário. Esta imprevisibilidade faz com que o pensar a luta seja tão importante quanto o realizar a ação na luta.
o   Oponente/Alvo: Isto implica que o alvo além de ser móvel pode efetuar ataque e defesa. E essa condição de torna o contato uma exigência e que fundamenta a imprevisibilidade do combate. Com o alvo personificado no adversário, a luta se torna imprevisível.
o   Regras: Existem desde as primeiras manifestações de lutas sendo elas sociais politicas ou éticas. As lutas dependem deste principio básico para serem legitimas, são as regras que vão dizer se para atingir o alvo e permitido apenas uso das mãos, pernas, implemento, etc.
Portanto são as regras que determinam técnicas e táticas de cada modalidade(MORATO, 2007; TAVARES, 2002).
Então é assim que a partir dos princípios básicos podemos criar e legitimar inúmeras práticas como parte do conhecimento Luta o que torna esse universo ainda mais amplo e possível de ser ensinado.
Das especificidades aos princípios comuns
Mesmo com princípios condicionais, existem fatores que diferenciam uma modalidade da outra ou uma única modalidade com várias vertentes. Porem a dinâmica interna e algumas técnicas muitas vezes podem ser comuns a de outras modalidades.
Algumas habilidades são recorrentes no repertório de varias modalidades como a projeção existente no judô, Jiu jitsu, Luta livre que dependem do agarre para sua execução. Com isso o aprendizado de um golpe especifico de uma modalidade pode facilitar a realização de outra habilidade semelhante em outra luta.
Distancias
Uma modalidade de curta distancia possui um espaço praticamente nulo entre os oponentes e para a realização das técnicas é necessário que os adversários se ponham em contato direto.
A média distancia é um espaço moderado que permite a aproximação em situações de ataque, pois a distancia e o proposito ofensivo vão determinar a distancia entre os lutadores. Os golpes caracterizam o contato e não dependem dele para acontecer com na curta distancia.
Já na longa distancia definida pela presença de implemento deve haver um espaço maior entre os oponentes para que os mesmos possam manipular de forma adequada o implemento fazendo que o contato ocorra através da espada.
A classificação a seguir mostra como deve ser o contato na luta, de acordo com a distancia e consequentemente a situação mais corriqueira em cada grupo.

O sistema seguinte representa Gomes nos trás a complexidade de interações entre os elementos do Fenômeno Lutas e suas manifestações. Desta forma, é possível transcender a linearidade das classificações apresentadas, pensando num ensino global que enfatize os princípios condicionais das Lutas e os aspectos comuns entre as modalidades na iniciação, organizados pela distância entre oponentes (curta, média e longa), antes de ensinar as especificidades das modalidades tradicionais de luta.

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